Socorro, entre a aventura e a roça.
Do
portal de entrada, aos demais atrativos , parques de aventura, centros de
exposição e venda de malhas, e na Fazenda Sant’Ana, que preserva itens do
cultura da vida de antigamente, Socorro agrada pela cordialidade / Foto: Divulgação
Socorro,
a 170 quilômetros de Mogi das Cruzes, caminha para conquistar turistas por um
viés valorizado por quem sai de casa em busca de novas culturas e
experiências porque oferece, ao mesmo tempo, descanso, lazer, aventura e
compras – as malharias mantêm, com duas coleções anuais. Um olhar mais apurado
e o visitante poderá apreender da estadia na pequena cidade que se rende aos
pés do Cristo Redentor, a vocação para a gentileza – predicado que, bem
cuidado, pode diferenciar o destino incluído no Circuito das Águas Paulista, ao
lado de cidades como Serra Negra.
Nas
ruas do Centro, há bebedouros com a mesma água das nascentes fartas e usada na
fabricação de cervejas e o guaraná que possui o selo local. Na Igreja Matriz, a
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, as rampas de acesso para cadeirantes são bem
mais novas que o templo datado de 1924, que conserva obras com cenas bíblicas
assinadas pelo pintor Mário Tomazzo.
Entre
as calçadas, bancos emoldurados com arcos abraçados por cipestres convidam ao
descanso, à fotografia que pode registrar essa cordialidade.
Por
fim, guias rebaixadas, piso tátil e painéis de informação em Braille tecem o
status que os socorrenses perseguem, e que tem lhes dado destaque no turismo
nacional.
Nos
últimos anos, a Cidade vislumbrou no turismo cidadão e inclusivo, filão que
anda, ainda que a passos de tartaruga, em todo e qualquer ato social, uma
maneira de atrair um público formado por pessoas com deficiência. A maioria
delas sempre viaja acompanhada por três a quatro pessoas, família ou amigos.
O
início foi graças a um empurrão do Ministério do Turismo, reconta Luiz Alberto
Mercadante, do Campo dos Sonhos, hotel que, ao lado do Parque dos Sonhos,
firma-se como vitrine dessa vertente. Os dois empreendimentos graças à chancela
delegada pelas instalações e atendimento acessíveis, é referência no País, e
recebe visitantes do Exterior. Os diferenciais vão de piscinas, montaria e
atrações adaptadas a quem tem restrições motoras.
Essa
história começou em 2004, e os resultados dela, acabaram por influenciar os
demais hotéis e pousadas – a maioria dos 46 endereços, que oferecem cerca de
2,9 mil leitos, adapta-se hoje para receber esse público; além do governo
municipal.
O
zelo com a pessoa com deficiência é pinçada na obra em curso do elevador, que
ficará quase colado ao Santo Cristo; na adaptação do Museu antigo e o novo, recém-construído,
mas infelizmente ainda fechado e sem acervo definitivo no abril que corria
quando, a convite, a Redação foi conhecer Socorro.
Há
banheiros adaptados e pessoal especializado para proporcionar ao público com
restrições de movimento, os mesmos prazeres sentidos por quem entrega-se aos
esportes radicais, outro carro-chefe do município, instado a sediar etapas de
campeonatos nacionais no nicho que casa esporte e aventura. (Eliane José)
Café
com bolo
Longe
de fincar raízes apenas no atendimento à pessoa com deficiência, Socorro abre
leque a quem quer passar um final de semana ou mais dias no lugar, tendo a
Serra da Mantiqueira como paisagem convidativa e pacificadora; e rios,
cachoeiras, riachos e grutas, a inspirarem passeios e aventuras. São riquezas
naturais aptas a disparar a adrenalina dos aventureiros. Não bastasse a beleza
gratuita que a natureza legou à Cidade, o convívio com o socorrense,
principalmente o que entende a importância de bem tratar quem lhe visita, pode
garantir o retorno do turista.
É
uma gente que viu a cultura do café perder fôlego – ainda que a produção
cafeeira lhe sustente renda e divisas, ao lado do turismo e da confecção de
malhas – e, não se furtou a empreender outros caminhos.
Foi
assim com a malharia. Ali pelos anos 60/70, as blusas, blusões e cachecóis
começaram a fazer frente aos itens produzidos em outras cidades do entorno,
também agraciadas com a presença dos turistas que procuram pelas baixas
temperaturas e o turismo ecológico, como Serra Negra.
E,
daí para frente, a indústria hoteleira – ancorada em restaurantes, pesqueiros e
afins -, que recebe principalmente paulistas interessados em descanso, uma boa
pescaria, os esportes radicais, ou a experiência ímpar de tomar um café da
tarde, em uma fazenda centenária ou num rancho faceiro, onde a lenha crepita no
fogão antigo, e o cheirinho do café quente casa-se com o aroma de pães, bolos e
do milho cozido na hora, costumam agradar.
Essa
veia eclética, de contentar o jovem, a família, o portador de deficiência, o
casal apaixonado, concede a Socorro oportunidade de receber de volta boa parte
dos visitantes que a conhecem.
Dia
na Fazenda
Pequenos
prodígios estão destinados a quem reserva alguns dos passeios garimpados pelo
Núcleo de Turismo Rural de Socorro. O roteiro pode incluir alambiques e
pesqueiros. Um fim de tarde na Fazenda Sant’Ana, tendo como anfitriã a
professora e ex-vereadora do lugar, Elisabeth Frias Pares, concede mergulho na
história das grandes fazendas paulistas que, no passado, mantinham-se com a
cultura do café. Sant’Ana adapta-se à corrente turística e pode ser conhecida
por hóspedes previamente agendados para passar uns dias em dois quartos
construídos para receber até cinco pessoas; ou em eventos como o Café com
Saudade – que consiste em uma tarde no lugar que tem a morraria e um lago para
a criação de pacu e tilápia, como aprazíveis apêndices . Dona Beth e a família
estão adaptando espaços para ampliar a capacidade de atendimento a visitantes.
E também realizam eventos como jantares que tem a carne de carneiro como prato
principal. Para conhecer e acertar valores da estadia basta agendar. Ah, o Café
com Saudade, servido na ‘tulha” ou “tuia”, o espaço reservado para a lida com o
café, reúne delícias da culinária regional, bolos, pães e queijos, além do som
de discos tocados em uma vitrola. Na seleção, músicas italianas, sambas,
boleros...
Um
pé na roça
No
fogão de lenha, o fogo aquece a cozinha. Em cima da trempe, milho e mandioca
cozinham, a canjica espera pela canela, e o bolinho de chuva, preparado
há pouco, a mantém-se quentinho. Nas mesas ao lado, pães, bolos, e o queijo
caseiro. Quem recebe os visitantes são Márcia e Flávio Meneghelli, que
possuem vacas para ordenha, um bezerro para ser tratado na mamadeira pela
criançada, cavalos. Há 15 anos, eles estão à frente do Rancho Pompeia, um dos
empreendimentos do Núcleo de Turismo Rural, mantido pela Associação Comercial
de Socorro, graças à parceria com o Ministério do Turismo, dentro do Projeto
Talentos do Brasil Rural.
Depois
de uma incursão pelo setor de malhas, eles desviaram o foco para aquilo que
Socorro ainda conserva na zona rural: a vida na roça, que atrai gente
interessada em reviver experiências de infância, ou em apresentar aos filhos e
novas gerações esse estilo de vida – a dupla cuida da horta orgânica e dos
animais.
Nos
cômodos da casa, além do dedicado ao fogão de lenha, foram dispostas mesas e
cadeiras, e no que seria a sala principal, parte do que é servido está à
disposição para visitá-lo levar para casa: queijo, mel, docinhos, geleias,
paçoca...
O
café caipira custa R$ 12,00 por pessoa. Mas, deve ser agendado, por famílias ou
grupos maiores: “A gente precisa se organizar, para não deixar faltar nada, nem
desperdiçar”, indica Márcia. Os visitantes podem conhecer o local, das 8 às 17
horas, e aos sábados e domingo, das 8 às 18 horas, mas deve ligar.
Fonte:
http://goo.gl/0JilX
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